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Mostrando postagens de abril, 2022

DE PASSAGEM, ALGUNS COMENTÁRIOS: NEGRO, NÃO NEGO

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ESPETÁCULO DE RUA. RECOMENDO! Do release: “Negro Não Nego” é um olhar sobre o que é humano, ancestral, cultural. É um grito de resistência em meio ao caos, é o sangue do povo preto escorrendo nas favelas e vielas. É sobre resiliência, sobre respeito, afeto, alteridade e cidadania. Coletivo Negro Não Nego  | Direção: Glayson Cintra.Produção: Danatha Siqueira, e Loara Gonçalves. Iluminação:Nathan Gabriel Balaguer. Elenco: Everson Silva, Loara Gonçalves, Mateus Moura, Vanessa Marques, Silvester Neto, Vítor Hugo Amaral. Coreografia: Silvester Neto.  Assisti à estreia no Festival. Estreou "inteiro" - o que não se pode dizer de alguns outros espetáculos, mesmo da mostra Lucia Camargo. Esteticamente muito bem acabado - com textos, música e dança em sintonia. Atores de qualidade e muito sangue na veia. Aí fica difícil não gostar, né? O recado é direto, em forma no mais das vezes de panfleto, com belos textos e, embora repita - e deve repetir - o que já é público, traz o depoimento d...

DA PASSAGEM, ALGUNS COMENTÁRIOS - AQUI É MINHA CASA

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O ESPETÁCULO QUE NÃO VI E GOSTARIA DE TER VISTO   AQUI É MINHA CASA  (do Release) Tragédia musica (...) Não é uma criação de cena. É um evento. Aqui é minha casa , é a construção de uma experiência. Fala sobre ruínas. Um corpo e um planeta em ruínas. Um exercício de conexão mais profunda, um reconhecimento do ser planetário, da necessidade da interdependência entre todos os seres vivos. Uma tentativa de fazer valer o oxigênio que estou respirando. Coletivo: AP da 13  | Dramaturgia: Luiz Felipe Leprevost. Direção: Eduardo Ramos. Direção de produção: Iara Elliz. Elenco: Ciliane Vendruscolo. Composição e Música ao vivo: Paul Wegmann e Simon Mahieu Digo não vi porque não foi completo. Problemas me fizeram chegar atrasado. Mas, no pouco tempo em que estive presente, o texto provocante, instigante, de Leprevost retumbava seu eco na praça em silêncio. E Ciliane Vendruscolo era mais que uma atriz num palco, era a voz surgida de algum lugar da alma. Consto que, na tarde daquele me...

A HORA DA ESTRELA SERÁ MAIS LINDO EM UM TEATRO MENOR

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  A HORA DA ESTRELA OU O CANTO DE MACABÉA é  desses espetáculos únicos. Como Clarice é única, não se compara.  No palco do Guairão,  Claudia Ventura é voz, é a poeta, é Macabéa. Transita fluída  - como Clarice - entre a narrativa e as personagens - com seus diálogos interiores e exteriores.  A seu lado, Claudio Gabriel e Laila Garin transitam com competência. Tudo emoldurado pelas construções cenográficas  funcionais de André Cortez e pela presença musical de Chico César em  Fabio Luna, Pedro Aune e Pedro Franco.  O diretor André Paes Leme ampliou, em sua adaptação, a dimensão poética dessas mulheres impares, Clarice e Macabéa.  Esmiuçar a crítica seria reduzir o espetáculo. Só posso desejar que vocês o presenciem. Aqui, por isso mesmo, vem um lamento. Espetáculos como este não são para palcos  enormes e plateia distante. Perde-se dramaticidade, intimidade e os semitons - tempero  que torna uma obra saborosa. E no Guairão, a ne...

CORDEL DO AMOR SEM FIM ou a flor do Chico – FELIZ ENCONTRO ENTRE OS GERALDOS, BARRAL, VILLELA E NÓS.

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"Um grupo de teatro campineiro ou uma família de artistas que que nunca deixa de se lembrar, uns aos outros, que não se forma um ator sem se reformar um homem”.  (Os Geraldos, no Facebook)   Presença viva, portanto sujeita ao momento portanto, efêmera. Tal é a raiz do teatro.    Passou pelas transformações das sociedades humana. Alterou suas   formas de produção, notadamente a partir do século XIX, com o advento do rádio, depois do som gravado; da iluminação elétrica; da fotografia, do cinema... da televisão... da internet. Reinventou-se, redescobriu-se no que é especial e único. Teatro é flor do cerrado e é flor de pandemia: murcha um pouco, mas volta a se abrir.   A presença de gente frente a frente e frente aos mistérios, o desnudamento, a celebração da vida – continuarão a acontecer enquanto restar, nesta sociedade incubadora de robôs, um sopro de humanidade.       GABRIEL, ENCENADORES E GENTE DAQUI As décadas de 1980 e 1990 foram...

ATENÇÃO PARA AS ALTERAÇÕES EM ESPETÁCULOS DE MOSTRAS

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    Comunicado da Assessoria de Imprensa do Festival.      Estes são novos os horários e locais dos espetáculos abaixo. 

O FESTIVAL E OS NOVOS TEMPOS - um convite à reflexão

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  UM FRAGMENTO DE INTRODUÇÃO  Tudo parece estar mudando muito rápido em todos os setores da sociedade. E nem falo dessa coisa globalizada que faz com que uma guerra possa, de repente, alterar a vida econômica e,  em seu rastro, inúmeras alterações sociais. Falo de estarmos presos ao tempo não só do presente, mas do “de repente”,  este work in progress imediato. Ao mesmo tempo, estamos num momento de consciência das múltiplas relações: horizontais, verticais - e sabe-se lá mais quais dimensões. E existe a atual “explosão de pontos de vista”: todos os grupos (e tribos)–   e friso os antes desempoderados – podem agora expor em todas as mídias suas narrativas sobre fatos, processos, ou seja, como é um mundo do ponto de vista deles, que o vivem”.     O que era antes “o mundo” não existe mais. Agora são "mundos", ao mesmo tempo, fragmentos. Isso vale para “as pessoas”, “o ser humano”, “a vida”...   A generalização morreu. Aliás, creio que n...

“Pessoas Brutas” - um potente Satyros HQ - Não Perca

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Gosto muito dos Satyros . Sua estética e forma de produção preservam muito de um teatro amador curitibano das décadas de 1980 e 90, quando o grupo funcionava por aqui: de um teatro de pesquisa, feito realmente de forma colaborativa e com muito amor. E um teatro “pobre”, sem grandes efeitos – não precisa deles pela força do criativo – que gira em torno de uma discussão social. Tendo passado por Portugal e se fixado, depois, em São Paulo, o grupo tornou a região central da Praça Roosevelt seu começo, meio e fim. Aquela velha afirmação de Tolstoi, “se queres ser universal, canta tua aldeia”. E é dessa realidade que o grupo não só extrai seus temas como revela talentos. Satyros é teatro da rua para a rua, fala simples e todos entendem. Fala em duas camadas: a compreensível por todo mundo e a profunda, captada conforme a experiência de cada espectador. Fala à plateia bem nascida e à outra, que ali se reconhece. Fala a mim, que gosto dessa simplicidade e inteligência: é da relação entre ...

“Till, a Saga de um Herói Torto”, traz de volta o melhor do Galpão.

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    Nada melhor que ver o grupo Galpão em essência: teatro popular da melhor qualidade, tanto para o palco quanto para as ruas; espetáculo daquela simplicidade que comunica ao raciocínio e à sensibilidade – ou seja, atinge duplamente; de comunicação objetiva – nada está ali em excesso; e a serviço da investigação da realidade brasileira; com música e dança; e leve, e alegre, como é a alma brasileira.  Figurinos, cenários e adereços, iluminação, som, tudo muito funcional e, sobretudo, muito presente. E atores que respiram esse teatro, criativos e tecnicamente perfeitos na linguagem dos bufões. Toda a criação a partir do belo texto de Luis Alberto de Abreu (de Bella Ciao e O Livro de Jó ), levado de forma fluída até desembocar no espectador com a força de uma celebração.     “Till, a Saga de um Herói Torto”, marca os 40 anos desse grupo formado por atores e no qual parece que toda a equipe funciona com esse espírito. E que mantém a base dos fundadores e a...