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Mostrando postagens de abril, 2023

UM TARTUFO – UMA OBRA ALÉM DO TEATRO

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  À parte dos detalhes que nos remetem ao Brasil atual, a história no palco é a mesma da de Molière. Contada na mesma sequência e de forma objetiva. E necessário que assim seja, porque o encenador Bruce Gomlevsky não utiliza de falas. Sim, o que era palavra, para o dramaturgo francês, é imagem e som para o encenador carioca. Que nos brinda com um desses espetáculos que mais parecem cinema, desenho animado. E puro teatro.  O expressionismo de Tim Burton e de Antunes Filho são referências para quem quer aproveitar e ir ao Guairinha ainda hoje, última apresentação. Elenco perfeito nas composições; cenário, ambientação, figurinos, luz, tudo ganha vida e se move na linha sonora da trilha – e nos silêncios profundos -, tudo funciona como um relógio. Não há mais o que dizer, é preciso estar lá.

TRAGÉDIA - Um espetáculo potente.

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Desde a cena inicial, no proscênio, na qual, enquadrados por uma parede de engradados plásticos de cerveja, na cor laranja, dois personagens discutem em uma língua desconhecida repleta de consoantes fortes, até o final, “ potência ” parece ser o tom deste espetáculo do grupo mineiro Quatroloscinco - teatro do comum . Que tem em sua prática – a exemplo do Galpão, também de MG - trabalhar com diferentes diretores. Em Tragédia , é Ricardo Alves Jr. O Quatroloscinco Já esteve por duas vezes no Fringe e, desta vez, na Mostra Lúcia Camargo. Retornemos à cena inicial: um deles é mais agressivo. O outro, de fala ponderada, mas sem ceder. Ora parecem estar discordando fortemente, ora seus gestos beiram à violência, ora parecem quase amigos. A discussão acorda nossos sentidos. Em que lugar do mundo estarão? O que discutem? Terminado o embate, recolhem as caixas, enquanto um cantar nos remete ao divino e ao lastimoso. De início parece sonoplastia, mas vem de um terceiro ator. Parece vir atra...

Fringe: TRIBOBÓ CURITIBA CITY E A COMÉDIA A VAPOR e a ESCOLHA CORAJOSA DO CTM CULTURAL

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  A marca nas duas criações do CTM CULTURAL a que assisti até agora, A Comédia a Vapor e Tribobó Curitiba City, é o frescor juvenil. Além disso, em ambos talvez importe menos o “acabamento formal” que a vontade de uma celebração coletiva. É uma coragem e uma humildade da direção abrir mão da rigidez estética para dar liberdade de criação e protagonismo ao elenco. Tais características produziram dois espetáculos leves, soltos e marcados pela espontaneidade. É a marca de um teatro-escola que quer dar, àqueles que seguirão carreira, a lembrança de que a arte deve, acima de tudo, gerar prazer e realização a quem a pratica. Que nunca se perca esta noção. Já vi muita gente desistir da profissão porque se tornou “uma pessoa séria, apenas com responsabilidades” – no sentido que traz o livro O Pequeno Príncipe. Aos que não seguirão carreira, o CTM oferece a oportunidade de desfrutarem do que o fazer teatro oferece: alegria, encontro e  transformação pessoal. Que seja uma b...

INTIMIDADE INDECENTE – UMA HISTÓRIA DE AMOR PÓS-MADURA

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  UM PEQUENO PRÓLOGO Das viagens que realizei, nunca esquecerei a sensação de estar a uns 50 metros da Torre Eiffel. Aquilo era um colosso, enorme! Também não esquecerei do barulho de meus passos nas ruelas, numa noite em Veneza – como se estivesse voltado no tempo. s. Todos nós temos na memória “aquele show, ou aquele livro, ou aquela viagem”... em que estivemos imersos, submersos, por tempo suficiente para se alimentar do sonho; ou para alterar paradigmas. Podem até ter sido momentos de intenso sofrimento, mas que depois se transformaram em outra coisa.   Me parece que é essa classe de experiências que compõem nossas mais caras memórias. Elas nos dão alegria, ou conforto, ou sentido, ou a sensação de “vivi, sim”, quando precisamos. Falo de experiências que não se findaram. Se reproduzem muitas e muitas vezes. Se colocarmos um valor por todas as vezes em que foram revividas, veremos que custaram pouco pelo bem que fazem. Algumas obras de arte vão com o vento. Outras...

O TEMPO, A SALA E A ANGÚSTIA

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    De início, importante enfatizar que esta montagem foi realizada para estrear a convite do Festival de Curitiba. Portanto o público assistiu a uma estreia nacional. Leandro Daniel Colombo e Simone Spoladore alimentavam, desde seus tempos de Curitiba, o desejo desta realização. Até o encontro com o atual grupo de artistas – grande parte também curitibanos e com laços afetivos entre si - possibilitar sua concretização. Importante ressaltar que não houve patrocínio. Todos os profissionais trabalharam, até o momento, gratuitamente. Mas o grupo iniciou, há alguns meses, uma “vakinha” para ao menos pagar um mínimo digno a todos. Como ainda não angariou nem perto do suficiente, divulgo aqui o link a quem quiser contribuir. https://www.vakinha.com.br/3376502 Caso não consiga, basta digitar, no Google, “vakinha o tempo e a sala”. Segundo Simone, “Esta peça foi montada com poucos recursos, não estamos ganhando cachê como artistas, os recursos disponibilizados pagam apenas...