PONTOS A SE PENSAR PARA A GRAVAÇÃO DE SEU VÍDEO PDE
UMA OPINIÃO SOBRE O VÍDEO
É... nós, professores, não gostamos de ser testados. Aliás,
nós, profissionais brasileiros, não gostamos. Me incluo. No entanto, aqui
estamos nesta situação. Que não deveria ser assim e sabemos as tantas coisas
que os que agora nos testam devem à Educação. E, também, temos nossas
discordâncias sobre até que ponto este tipo de teste - plano de aula e vídeo -
da forma como foi elaborado, é eficaz.
Mas o teste está aí e na forma que está aí e ele vale 30% da
nota para conseguirmos a vaga.
Ao menos, nesta prova didática – ao contrário da teórica - estamos
no controle: podemos escolher o tema e a forma de nossa aula. E, ao contrário
de uma banca presencial, aqui temos tempo para elaborar, treinar, gravar e
editar.
Há colegas que não têm paciência, ou se sentem pressionados
por terem de gravar algo numa linguagem que não conhecem e para quem não
conhecem , e dizem: “vou fazer de improviso e eles que me aceitem assim”. E,
ainda fazem de última hora. Jogam fora uma oportunidade de fazerem seu escore
na prova aumentar.
Não gostamos de ser testados. Mas seremos testados por
alguém sem rosto, que nos conferirá uma nota. E não explicará como chegou a ela.
Há excelentes professores e pedagogos – talvez seja o seu
caso - que não têm familiaridade com esta linguagem. Não estão acostumados, por
exemplo, a “falar para ninguém” (que é muitas vezes a impressão que se tem ao
se gravar aulas ou exposições). E que não entendem que essa linguagem tem uma
série de regras que, se ignoradas podem fazer uma aula ou palestra rica...
parecer ruim. Ou, ao contrário, se usadas, fazerem algo sem tanta qualidade
parecer melhor do que é.
É muito comum acontecer do professor, procurando saber se
seu vídeo ficou bom, testá-lo com amigos, professores, colegas da mesma área ou
mesmo com alunos. É positivo. Mas o mais indicado é você encaminhá-lo a um
profissional, porque este – sem vínculos emocionais e sem lhe conhecer -
apontará pontos positivos e o que pode ser melhorado nas condições atuais.
Explicará o porquê disso. Trocará ideias com você.
Sim, isso é um investimento, custa. E, dados os benefícios,
é um investimento baixo.
Trabalho com expressão e comunicação há muito tempo. E sei
que este apoio não é apenas para concurso, é um ganho profissional.
Pense nisso.
QUE VÍDEO É CONSIDERADO UM VÍDEO BOM PARA O PDE?
Um vídeo que desenvolva ou demonstre o traçado pelo plano
escrito. É isso.
Não é necessário que seja produzido com acabamento profissional.
Basta que siga as regras estabelecidas pelo
edital. No entanto, você ganhará mais pontos se sua aula for confortável de
ser assistida e compreendida. E perderá pontos, se não.
Coloque-se no lugar da pessoa que irá assistir: ela examinará
muitos “planos X vídeos” por dia e isto é desgastante. E vai que o seu seja o
vigésimo que ela irá assistir naquele dia. Então, por mais conhecimento que
você tenha, má iluminação, sombras, som ruim, fala baixa, posição de câmera errada,
exposição confusa ou pouco objetiva e, principalmente falta de ritmo, vão com
certeza baixar sua nota. O analista quer sentir-se incluído, abraçado por sua
exposição. Se você estiver ministrando uma aula, precisa haver tempo para a
inclusão do aluno.
A linguagem de vídeo é diferente: a velocidade, as pausas, a
própria dinâmica. A relação virtual pede mais energia da sua parte, apesar de
parecer o contrário. E, nela, o tempo para ocorrer o cansaço do espectador é
menor que no plano real.
Não deixe para a última hora! Como já disse, a qualidade de
seu vídeo depende só de você.
ALGUNS RECEIOS DE MUITOS PROFESSORES AO GRAVAR EM VÍDEO
“Tenho de gravar tudo sem parar?” - Esta é a pergunta que
sempre me trazem. “E se eu esquecer de algo importante? E se não couber no
tempo dado? Terei de gravar tudo novamente?”
Vamos analisar:
Em sala presencial, a pressão sobre o mestre é pequena. Primeiro
porque são alunos e não uma banca. E os alunos, naquele local aberto, têm uma
série de elementos que lhes ocupam a atenção, além do professor: elementos
reais como a sala, o quadro, os equipamentos, seu material de anotação; os
colegas; suas próprias anotações e pensamentos.
Dentro disso, há espaço para o professor pausar, olhar
anotações, manusear um livro ou o power point, apagar o quadro, até ir até a
porta e fechá-la, rs.
Na aula virtual, cada aluno está isolado e sua relação com o
professor é mais direta. Pausas longas do professor é como se fossem “um tempo
vazio”. E tempos vazios geram desatenção.Aí o professor, em vídeo, sente-se
pressionado. “Então, não posso manusear uma folha, coçar a cabeça, beber água...
nem respirar?”
Diferente da aula presencial e mesmo da aula “live”, no
vídeo gravado o professor não sabe o que o espectador estará fazendo. A
impressão é a de que ele estará olhando todo o tempo.
Além disso, há uma percepção intuitiva que trazemos como “herança”(vinda
de reportagens de tv, de coisas de tv...) de que não há tempo e de que TUDO é percebido. Não dá pra ser
natural. Tudo deve ser ensaiado para caber no tempo e para ser efetivo.
É muita pressão para os novatos nesta linguagem.
O que, dessas coisas, é verdadeiro? E o que, mesmo
verdadeiro, é exagero?
Fato físico é que, no vídeo, a tendência é a de termos uma
respiração mais curta que a natural. Pelos motivos já ditos e porque há a
ansiedade: também para quem grava – cada segundo parado nos dá a sensação de
vazio. E porque é um vazio mesmo, fisicamente falando. Não estamos escutando
nem vendo os alunos reagirem.
NO VÍDEO GRAVADO, NÃO EXISTE DIÁLOGO
Aqui vai a questão que talvez mais incomode e gere, direta
e/ou indiretamente, alguns problemas já citados: a falta de diálogo. Sim, na
comunicação presencial, reagimos de acordo com a resposta do outro. Mesmo em
aulas “live”, existe a interação. E é no âmbito desta interação que coçar a
cabeça, tomar água, tossir, são ações aceitas naturalmente e até bem vindos.
No momento de gravarmos um vídeo, a interação não existe.
Ela deve ser “imaginada”. É assim que professores de maior experiência tendem a
gravar com maior facilidade.
Outro ponto que incomoda: você está gravando para um desconhecido.
Porque quando gravamos uma mensagem para alguém que conhecemos, tudo é mais
fácil, intuitivamente imaginamos as suas reações. E esta pessoa muitas vezes já
conhece nosso jeito, nossos assuntos, nossa forma de expressar. Ela até “entende”
aquilo que falamos de forma confusa. E, numa mensagem assim, supõe-se que esta
pessoa irá responder e a conversa continuará. Você poderá consertar erros de entendimento,
por exemplo.
Aqui, não: é uma pessoa “sem rosto;” que vai lhe conhecer e
lhe julgar unicamente por este vídeo; e vai comparar você a outros.
Nesta situação geral, muitos professores tem sua
espontaneidade travada; sua aula fica “mecânica”. A ponto de sentirem: “não
parece eu”.
Fazer uma exposição gravada a uma pessoa ou a pessoas que
não se conhece é o dilema de todos os comunicadores. Ao não se conhecer seu
espectador, o campo da “fantasia” sobre este suposto espectador está aberto.
Como eles resolvem isso? E você, para quem irá dirigir a sua exposição
ou a sua aula?
A sensação de que não se pode cometer erros, na gravação, é maior.
Até porque, aqui, há uma pessoa nos examinando. A sensação de que ela nos olha
de perto. Não se pode coçar o nariz, arrumar os cabelos, tossir, fazer um gesto
estranho com a mão...
Em parte, é verdade. Em parte, não.
E, durante a gravação, a impressão é de que o tempo não nos
pertence, o tempo é ditado pelo aparelho celular ligado.
Enfim, a sensação é a de que se deve gravar direto, sem
parar, dominar todo o assunto e pensar rápido, sem olhar para anotações. Em
parte é verdade o tal do !sem parar”, demonstra que o professor em domínio
sobre a matéria.
Mas se você me consultar, vou explicar uns poréns:
Que é possível gravar por partes, desde que tomando certos
cuidados. A edição faz milagres.
Que se pode, sim, ter anotações, desde que pontuais e
telegramáticas, como as usadas em palestras.
Que tomar água, arrumar o cabelo e outras pequenas atitudes
pode ser uma boa estratégia.
E tem a coisa de que em vÍdeo, quanto menos palavras, melhor.
De quanto menos gestos, melhor (o famoso “o menos, em comunicação, é mais”). E
o que acontece com você, que fala muito e é abundante em gestos? Eu explico.
FINALIZANDO
Uma solução que ajudará em quase todo o aqui já exposto é:
planeje a aula, depois a treine, várias vezes, até que fique “dominada”.
Você tem tempo para isso.
PLANIFICAÇÃO DA AULA EM VÍDEO
É aqui que tudo começa. No roteiro elaborado a partir do
plano.
O vídeo tem de 10 a 12 minutos.
Sugiro, por alguns motivos que não explicitarei aqui, estabelecer
9 a 11 minutos de conteúdo bruto. O restante, você ocupará com outros ingredientes
importantes.
VÍDEOS À SUA DISPOSIÇÃO
Tenho alguns vídeos
com dicas para o PSS no youtube, em meu canal “Canal Fernando Klug”. Foram
feitos de forma “amadora” para mostrar também que não é preciso muito em termos
estéticos. Espero que ajudem você no PDE!
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